quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Tampa e a panela


O amor é falta, insuficiência, necessidade, e ao mesmo tempo, desejo de adquirir e se conquistar o que não se possui. (Platão)



Seria possível contemplar na limitação de uma palavra, de uma frase a imensidão de um sentimento que move os céus?

Seria possível nominar o que foge à compreensão do racional e do lógico e descrever, não o que os olhos veem, mas o que o coração sente?

Como exprimir entre vogais e consoantes à semântica de uma vida?

Alma gêmea?
Cara metade?
Cereja do bolo?
Tampa e a panela?
   
No plano cartesiano da vida, entre ordenadas e abscissas, seria possível equacionar tal sentimento em uma expressão matemática?


Seria, entretanto, o que me inspira e me excita, me aquece e  me tranquiliza e ao mesmo tempo me perturba, algo  assim tão exato?

Ahhh já nem sei mais o que faço...!
Se permaneço ou me desfaço...!
Se grito ou se me calo ...!

Que sentimento avassalador é esse?

Sei que na busca por compreender a lógica de Camões:

“É fogo que arde sem se ver; 
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer”,

Descubro que me faço louco cada dia, por mais e mais senti-lo em meu ser... e nessa  minha loucura, parafraseando Aristóteles,  torno-me perfeito dia a dia, reinventando um novo jeito de querer...

Como exprimir entre vogais e consoantes a semântica de uma vida?

Alma gêmea?
Cara metade?
Cereja do bolo?
Tampa e a panela?
Amor...talvez?

Resta-me por fim Paulo Freire

 “Quem começa a querer entender o amor, a explicá-lo, a qualificá-lo e a quantificá-lo, já não está amando”, 

E inebriado nesse sentimento, deixo de lado os sofismas e definições e me completo por inteiro em você, minha alma gêmea, minha cara metade, a tampa da minha panela, a cereja do meu bolo.... Valéria...!


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Saudade de Trindade!


                   

Estou agora na cidade de Águas Lindas, são 22 horas e faz muito frio aqui…
Fiquei  horas e horas a fio, tentando juntar letras e letras em palavras que expressassem o que agora sinto ….
Pensei então em falar da saudade da Trindade Terra Santa; da  Trindade dos Carros de Bois; da Trindade da Matriz e da Basílica; da Trindade do 22º BPM; da Trindade do Divino Pai Eterno…
Mas que sentimento é esse que invade a alma da gente e nos deixa assim com o olhar perdido…num louco desejo de rever, de estar e permanecer com o outro?
A escritora Clarice Lispector ressume bem esse sentimento: “Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.”
Assim me sinto agora.....! E em meio ao frio silêncio de Águas Lindas, tenho fome do silencio contemplativo do Carmelo de Trindade, onde longe do barulho ensurdecedor dos homens e do mundo, imerso no orante silencio do Jardim de Deus, silencia-se não só minha voz, mas também meu coraçao...  Saudade da minha Madrinha de Intercessão Irma Rosineli!
Saudade...
Da Trindade do Barro Preto...
Da Trindade da Vila...
Da Trindade do Beco,
Da Trindade das pessoas que acolhem, que amam......
As vezes, como agora aqui no “silêncio da noite”, me pergunto:
Entre tantas Igrejas...
Entre tantos lugares...
Entre tantos refúgios,
Em meio a outras tantas pessoas por que tanta saudade de Trindade?
Não sei ...!
Não sei....!
Sei apenas que  sinto saudade das partilhas com o Padre Marco Aurélio; das idas e vindas pela Avenida  Manoel Monteiro e Rua Irani Ferreira; saudade das pessoas que sonharam os mesmos sonhos que eu no 22º BPM;  saudade  também do amigos Cristiano, Eduardo, Paraná e Leila...
Estranho esse sentimento chamado saudade, pois se de um lado não cabe no coração e escorre pelos olhos, do outro é como uma taça aberta para o infinito... e o só o que é infinito pode preencher....
Assim, por muito amar me pego pensando nos tempos vividos na minha Trindade,  nas conversar perdidas, nos sonhos partilhados e nas amizades ali  firmadas...
Como tantos e tantos outros me juntarei a uma Legião de Romeiros, e tenho certeza, meu coração baterá mais forte na  caminhada de retorno à minha Doce Trindade, que exala o amor  do Pai Eterno,   amor esse que preencherá minha saudade!
Como já disse Mario Quintana, “o tempo não para! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo...” e na certeza de que guardada na minha retina estará sempre presente,  a cidade de Trindade , fecho meus olhos e  aqui sentado à mesa, contemplo a Imagem Peregrina do Divino Pai Eterno, presente do Padre Robson, e ergo a minha voz desafinada pelo nó preso na garganta,  com um suave clamor:

“Vos pedimos o Pai Eterno a Vossa benção, Vossa benção e proteção!
É de todo o coração que Vos pedimos Vossa benção e proteção!”

Obrigado Trindade!

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

ÉTICA E PODER




                                                                       "Há nos tribunais de todo o Brasil, mofando em tranquilas prateleiras ou dormitando em gavetas providenciais e obsequiosas, processos como a Ação Penal 470, tratando de recursos não contabilizados em campanhas eleitorais. Não somos os únicos, nem os primeiros, nem os pioneiros".  (Delúbio Soares) 


                     Tentei, recorrendo à Teoria Sistêmica e usando elementos da Semiótica: signo, significante e significado; discorrer sobre o homem funcional, e sua capacidade de construir sonhos ao se inter-relacionar e se ajustar às pessoas, em busca do bem comum...



                     Com grafite e papel, busquei a essência do espírito humano, onde o pensar se concretiza em pares de oposição: a dualidade. 
                                                                Justo X Injusto
                                                                Moral X Imoral
                                                               Certo X Errado
                                                               Dever X Querer


Entretanto...
Diante das ações dos homens...
Diante das suas omissões...
Não consegui...!

                  Diante dos discursos dos Entes responsáveis pelos fenômenos que ocorrem no Sistema, questiono:
Onde estará a Ética?
Onde perdida a Moral?
Onde escondidos os Valores?



                  “Em torno de um sonho, de um projeto de poder, de uma ideia de mudar as coisas..”  associam-se homens e mitigam conceitos da moral do dever, esquecendo-se  de que suas  historias, se concretizam  pelos resultados de suas vontades. 

Máfia da Previdência...
Anões do Orçamento...
Escândalo do Mensalão...
Operação Castelo de Areia...
Operação Trem Pagador
Operação Monte Carlo....



De escândalos em escândalos...
Em “Cachoeiras e Cachoeiras” de Comissões Parlamentares...
De corrupções em corrupções...

                De centavo em centavo desviado, a milhões e milhões de reais roubados, desconstruídos são sonhos e ideais, que se perdem, e de resto, a impunidade!

Onde estará a Saúde?
Onde estará perdida a Educação?
Onde estará escondida a Segurança?



Em meio a tantos questionamentos: 
Não posso!
Não devo!
Não quero,
a exemplo de tantos outros, reservar-me no meu direito constitucional de permanecer em silencio.


                Outrora afirmei que diante do mosaico de imagens e questionamentos, espelho e reflexo do que sou, causam-me espanto e horror as injustiças, hoje refletindo sobre tudo isso, que possa o silêncio de muitos, ser quebrado pelo grito explicito de todos nós, no sufrágio universal e direto do voto!




sábado, 28 de abril de 2012

ENREDADOS







Twitter…
            Facebook…
                           Orkut…
                                     Blogs…
                                               Tumblr...

Entre avatares, seguidores fakes, perfis e unicórnios, enredados vivemos agora…



Username...
Passaword...
Login...
Conectandoooo...
Pronto...! Plugado!



Ligado a uma “time line”intangível...
Preso a estruturas sociais sem fios, e sem hierarquia...
Passeio por uma vitrine onde atores se misturam em busca de capital social...

Em uma só palavra...
Navego....!

E por horas a fio fico ...
A twittar intrigas...
A compartilhar amizades..
A cutucar escândalos...
A dar block em ideologias...
E se for sexta-feira a #FF você...



Nesse cenário de laços invisíveis onde nem sempre o verdadeiro é autêntico ou o falso é mentiroso; onde às vezes é mais fácil falar do que ser ouvido; textos, fotos vídeos e imagem são postados e fluem, e vidas se cruzam e se conectam...

Entre posts, tags, curtidas, hashtags e comentários, impregnados de minhas idiossincrasias construo e desconstruo, com um simples deslizar de dedos,  signos, significantes e significados...

Navegando entre uma coleção de nodos ligados por muitos caminhos, já nem sei quem sou...
Em que ciberespaço ficou perdido o meu eu?



Não sei..
Não sei..!

Blogueiro?
Orkuteiro?
Facebookqueiro?
Twitteiro?
Unicórnio?

Não sei..
Não sei..!

Talvez seja mais um nó na imensa rede, num constante movimento de diluição e distribuição do poder...

Quem sabe seja eu mais um guerreiro cibernético a querer fazer acontecer novas “primaveras árabes”...



Quem sabe mais uma barca no universo oceânico de informações virtuais...


Parafraseado Pierry Levy, penso ser um novo Noé a contemplar outras naus no oceano da comunicação virtual, à deriva em alto mar, de onde não dá mais para voltar...

Username...
Passaword...
Login...
Conectandoooo...
Pronto...! Plugado!




Em uma só palavra, navego!
É impossível ficar off-line!



sábado, 14 de abril de 2012

ESCOLHAS


ESCOLHAS


Branco ou preto?
Yin ou Yang?
Frio ou calor?
Falar ou calar?

Será que de fato sou livre para fazer minhas escolhas?

Eu não sei ...
Você o é?

Tudo o que faço, tudo o que sou é livre arbítrio ou resultado de reações neuroquímicas que ocorrem no meu cérebro?


Eu não sei...
Você sabe?

Não consigo crer que as escolhas que faço sejam como elos de uma corrente em uma engrenagem, regidos de forma estanque pelas leis da física...


Se assim o for, em que vazio se encontra o homem que pensei ser? Onde fica a minha subjetividade? Onde se encontra...

O homem-matéria?
O homem-pensamento?
O homem-sentimento?
O homem-verbo?


 Será que sou apenas o resultado das somas de minhas decisões, ou é o destino no jogo da vida que embaralha as cartas?

Tudo é dual?
Tudo é escolha?
Ou tudo é fatum?



 Eu não sei...
Você sabe?

Dúvidas e incertezas permeiam meu pensamento...
Não imagino ser aceitável que Moiras estejam a tecer e cortar os fios de minha vida na roda da fortuna, entretanto, será que de fato sou Senhor das Minhas Opções?



Eu não sei...
Você sabe?

Sei que nos meus delírios, me desfaço me edifico e renasço num mundo de ideias, de signos e significados, que construo internamente diante das experiências vividas, das relações de amor e ódio que cultuo com o mundo e comigo mesmo...


Sei que dia a dia enfrentando minhas angústias e meus medos, me reinvento e na construção interna daquilo que serei amanhã, tenho a síntese das minhas decisões...


 Sei também que, citando Guimarães Rosa, “O importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam."

 Assim, minhas escolhas, ações e omissões não seriam também reflexos dos meus delírios, da minha subjetividade?

Eu não sei...
Você sabe?



segunda-feira, 26 de março de 2012

FANTOCHE


FANTOCHE


Não sou um poeta que busca em estrofes, rimas e versos, transformar palavras em sentimentos...

Nem tão pouco um filósofo, que embora aponte para o sair da caverna e fora dela,  encontrar a luz da razão, se perde as vezes em teorias abstratas sobre o sexo dos anjos.


Embora o exprimir a vida através do lirismo das idéias me fascine ao extremo, não sou poeta nem filósofo...


Ahhh...! Sou apenas um ser que absorto em angústias, e dúvidas e questionamentos, ousa pensar e agir e também a sonhar, livre de amarras, mas sem que não só a isso se ocupe...

Não quero ser exato, racional e lógico diante de mim mesmo e muito menos dos outros, mas não posso permanecer em estado de inércia ante as coisas que me cercam, é necessário compreender o movimento das pedras no jogo da vida, e libertar-me das amarras que me prendem como um Boneco de Fio...


Não quero ser um Fantoche Humano, quero ser apenas o Semeador de uma nova visão social e mesmo nas minhas inconstâncias, buscar entender o que move as pessoas a serem o que não são...


Buscar entender o que move as pessoas, mesmo depois de resolvido o “mito da caverna”, a se comportarem como a maioria dos que seguem, sem saber para onde vão, como simples peças num tabuleiro de xadrez...








Chega de ser Marionete!


É necessário entender que toda ação que afeta as pessoas, é uma relação de poder, capaz de construir, de exortar, de educar e edificar...

O Grande Leviatã, onde o poder é entendido como a soma dos poderes de seus súditos, onde o poder é uma espécie de corpo místico do Rei, não existe!!!


No tabuleiro da vida, não quero ser como o Rei, Infame Bobo da Corte, nem tão pouco como a Dama, Eminência Parda, que a tudo e a todos atinge com sua influência, e sim entender as relações que permeiam por todo o tabuleiro e que envolve as peças...


E no descobrir como funcionam essas relações, entendê-las como uma rede, reconhecendo os impiedosos tentáculos do Leviatã, que manipula cada um dos seus atores em seus papéis:


Quem são os Peões que mesmos dispostos a se sacrificarem a qualquer momento e serem descartados, podem ser coroados ao final do jogo?


Quem são os Bispos que andando pelas transversais da vida, nunca se mostram de frente, e se vendem por trinta moedas?


Quem são os Cavalos que não se importando com quem esteja à frente, passam por cima e destroem sonhos?


Quem são as Torres, que inicialmente pouco podem fazer, mas que ao final possuem importante valor tático e como uma coluna de blindados, podem arrasar corações?


Basta de ser usado como Fantoche...


Quero ser Livre, e parafraseando Fernão Capelo Gaivota, voar alto atrás das ilusões perdidas de homens sofridos que perderam a capacidade de amar...


Sem fios...
               Sem amarras...
Sem manipulações...!

segunda-feira, 5 de março de 2012

CAMINHOS



CAMINHOS


Entre idas e vindas...
  Entre encontros e desencontros...
    Entre verdades e mentiras...
          Caminho...!



 Diante das decisões que tomei...
   Diante das escolhas que fiz...
     Diante dos rumos que trilhei, sempre houve no meio do caminho, pedras...
               Quem as colocou?


Muitos se adiantam e semeiam falsas verdades e fazendo de seus atos, sua ética, e de suas omissões, sua moral, espalham pedras no meio do caminho: Querem construir suas estórias, tendo como pano de fundo, a minha história...


 Diante da leniência de outros que comigo caminharam, não posso com eles seguir: “É preciso coragem para dar passos errados quando se tem um norte...”

Diante das decisões que tomei...
   Diante das escolhas que fiz...
     Diante dos rumos que trilhei, sempre houve no meio do caminho, pedras...
               Quem as colocou?


Embora não falem, as pedras ensinam que os amigos se tornam poucos, como os dedos da mão, e infelizmente, ao término da caminhada, me faço mais seletivo ainda.
Diante dos problemas que surgiram, descobri que matar um leão por dia foi fácil, difícil foi o conviver com serpentes...

Entre idas e vindas
  Entre risos e prantos...
    Entre decepções e encantos...
          Caminho...!


Já afirmaram outrora que só os amigos traem, e que os inimigos apenas causam decepções, mas diante do que tenho visto e ouvido ao longo do caminhar, não quero ser cético, mas não existe amizade, e sim, relações a serem definidas...



Entre idas e vindas
  Entre risos e prantos...
    Entre decepções e encantos...
          Caminho...!

E parafraseando Fernando Pessoa, hoje recolho pedras, não para construir castelos, mas minha fortaleza-solidão, pois com tantos obstáculos...
O melhor é caminhar sozinho... !!